sábado, 9 de dezembro de 2023

A Semente.

Tio Léo sentado  silenciosamente na cadeira de balanço que foi da minha bisa olhava pro nada. Ele sempre foi um mistério pra nos. Mamãe diz que quando ele era jovem ele falava muito mas com o tempo foi ficando assim. 

Hoje Mamãe nos deixou subir ao sótão e foi divertido! Haviam muitas caixas, todas com os nomes de parentes antigos.

A caixa com o nome do tio  Léo era muito bonita então foi a que escolhemos levar.

Quando a pusemos no colo do tio ele sorriu e disse: Foi minha mãe que fez essa caixa!

 A mão magra passou com carrinho sobre  a tampa e um silencio esquisito caiu sobre nós!

Debaixo da tampa se escondiam outras caixas menores e potes! Eu escolhi um pote de plastico velho não muito pesado que chocalhava quando  o sacudia.

Dentro dele centenas de coisinhas marrons e achatadas chamaram nossa atenção.

O tio pegou na mão e nos contou:

Quando eu era criança minha mãe levou eu o pai de vocês no sitio pra gente catar isso aqui. Sementes de garapuvu uma arvore muito lindas mas que ja não existe mais! andamos pelo pasto catando  durante mais de uma hora, depois fomos pra casa e dividimos meio a meio pois a mamãe dizia sempre pra dividirmos! a gente chamava de pataca e brincávamos muito com elas! nem lembrava que as minhas tinham ficado guardadas!

 -Tio será que nasce?

 - Pois agora quem sabe! faz tanto tempo que não vejo uma arvore de verdade.

 Nossa mãe nos olhou com aquilo e disse:quardem essas velharias e vão pra escola!!

Eu fechei o pote não sem antes pegar um punhado das semente e por no bolso!


sábado, 15 de julho de 2023

A horta 2

 A mulher do ancinho se chama Ana! Dois dias depois ela me apareceu na porta, com uma trouxa nos braços! dentro do embrulho um Bebe arrulhava como um passarinho curioso.

Maria nascera alguns dias antes da minha chegada durante a primeira noite da tempestade.

Sem cerimonia ela colocou a bebe na cesta junto com Joaquim e  pegando num lado da cesta me indicando o outo lado, me convidando pra ir na horta.

As coisas estavam quase do mesmo jeito., mas ela notou logo que eu havia arrancado algum mato.

  -Não faça mais isso!! Se esta no mato é nosso,  do contrario temos que dividir! Eu já te avisei.

Do bolso do avental  tirou varias trouxinha com sementes e começou a pô-las na terra desordenadamente.

-A regra é clara tudo que plantamos aqui tem que ser dividido com a senhora do condado.

- Cuido da horta de Marta dessa forma desde que a lei foi pregada em cada porta daqui!

 Com um olhar de cima a baixo a pergunta foi simples:

-Vamos continuar  como venho fazendo e divido com vc?!

Essa criatura me deixa confusa mas acho melhor ter algum apoio por aqui, então concordo.

Colhi alguma coisa pro almoço e voltamos pra casa.

 Ja dentro  da cozinha a conversa foi ainda mais esquisita. 

 - Vc mexeu na coisa dela la encima!

-É mexi sim, Marta não precisa de nada que achei la, mas eu e Joaquim precisamos de roupa e tudo que tem lá  vai nos manter aquecidos nesse inverno.

- Marta tinha roupas boas, separe algumas das melhores que vou vender pra vc ter dinheiro. Vcs não vão consegui viver de cenouras pra sempre.

Depois de uma sopa e alguns minutos enfrente a pilha de roupas que tinha lavado mais cedo. Ana se foi com a bebe e uma trouxa com os melhores vestidos de Marta.

Espero ter feito a coisa certa.