Meu reflexo no espelho não inspirava ninguém, magra , cabelo cor de palha, as roupas jogadas sobre o corpo, uma bolsa enorme, mas meio murcha, sapatos gastos. Uma figura insignificante a não ser pelo olhos de um verde estranho , que olhavam em volta como que procurando uma saída, ou uma fuga.
No circulo uma vida estava sendo decidida, dentro de um cesto o bebe não imaginava oque estava por vir.
Sem chegarem a uma decisão, ergui a voz e todos surpresos voltaram o olhar pra mim.
- Ele precisa ser cuidado enquanto não decidirem seu destino e eu reivindico esse direito afinal eu sou a madrinha dele. Os cochichos que se seguiram foram abafados. Uma mão foi colocada sobre a minha e a pergunta foi simples: - Acreditas na nossa fé então?
- Sim ! ( nunca foi tão fácil mentir, minha cabeça fervia, ja tinha encontrado o caminho da fuga.)
Mesmo que quisessem, eram todos velhos não seria fácil cuidar dele e eu parecia a saída perfeita.
Peguei o cesto e segui calmamente para porta. Na rua a multidão ia e vinha sem nos perceber. O homem atrás de mim sussurrou "Vai". Ergui a cabeça, respirei fundo e fui. No primeiro boteco procurei pelo banheiro. Tirei o casaco . Da bolsa foi surgindo minha verdadeira personalidade. Um macacão desbotado, uma camiseta rosa e tênis pra poder correr! Tinha também uma roupa rosa pro bebe que assistia a tudo silenciosamente. Embrulhei o na pachimina rosa que havia comprado impulsivamente a alguns anos e nunca usara. Ajeitei o que sobrou na cesta peguei o bebe no colo e sai calmamente pela porta lateral. Caminhei alguns metros sem olhar pra trás quando me vi cercada por crianças pedindo esmola, dei lhes a cesta e eu mesma me perdi na multidão.
Na saida da vila fui parada! olharam me de alto a baixo e a pergunta : - O bebe é seu? -Sim "ela" é minha! Antes de qualquer outra pergunta "ela" abriu os olhos de um verde estranho e mostrou um sorriso banguela ao oficial que nos olhou e fez sinal para seguirmos.
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