Tio Léo sentado silenciosamente na cadeira de balanço que foi da minha bisa olhava pro nada. Ele sempre foi um mistério pra nos. Mamãe diz que quando ele era jovem ele falava muito mas com o tempo foi ficando assim.
Hoje Mamãe nos deixou subir ao sótão e foi divertido! Haviam muitas caixas, todas com os nomes de parentes antigos.
A caixa com o nome do tio Léo era muito bonita então foi a que escolhemos levar.
Quando a pusemos no colo do tio ele sorriu e disse: Foi minha mãe que fez essa caixa!
A mão magra passou com carrinho sobre a tampa e um silencio esquisito caiu sobre nós!
Debaixo da tampa se escondiam outras caixas menores e potes! Eu escolhi um pote de plastico velho não muito pesado que chocalhava quando o sacudia.
Dentro dele centenas de coisinhas marrons e achatadas chamaram nossa atenção.
O tio pegou na mão e nos contou:
Quando eu era criança minha mãe levou eu o pai de vocês no sitio pra gente catar isso aqui. Sementes de garapuvu uma arvore muito lindas mas que ja não existe mais! andamos pelo pasto catando durante mais de uma hora, depois fomos pra casa e dividimos meio a meio pois a mamãe dizia sempre pra dividirmos! a gente chamava de pataca e brincávamos muito com elas! nem lembrava que as minhas tinham ficado guardadas!
-Tio será que nasce?
- Pois agora quem sabe! faz tanto tempo que não vejo uma arvore de verdade.
Nossa mãe nos olhou com aquilo e disse:quardem essas velharias e vão pra escola!!
Eu fechei o pote não sem antes pegar um punhado das semente e por no bolso!